O mês de agosto mal começou e os moradores da Região Nordeste de Amaralina, em Salvador, já vivem mais uma semana de tensão. Em apenas sete dias, a rotina foi marcada por tiroteios, mortes, confrontos entre facção e forças de segurança, além do helicóptero do Grupamento Aéreo sobrevoando a comunidade em pleno horário de pico, quando crianças voltam da escola e trabalhadores chegam em casa.
Entre um disparo e outro, a vida é interrompida. Mães mantêm filhos em casa por medo. Jovens saem sem saber se voltam. A sensação é de viver em uma zona de guerra e o mais grave é que isso se repete há anos. O ciclo da violência sempre recomeça.
As ações do Estado seguem o mesmo roteiro: operações ostensivas, ocupações temporárias, prisões e apreensões. Mas nenhuma mudança estrutural. Para quem vive na favela, essa é a política de “enxugar gelo”: muito barulho, pouco resultado e a certeza de que, cedo ou tarde, o próximo confronto virá.