O Carnaval do Nordeste de Amaralina é a maior manifestação cultural do bairro, um momento em que a comunidade celebra sua identidade, sua música e sua arte. No entanto, os próprios talentos da favela continuam sendo deixados de lado. Enquanto bandas de fora são contratadas para tocar várias vezes no circuito, os artistas locais enfrentam barreiras para conseguir um espaço que deveria ser naturalmente deles.
Os artistas do Nordeste são ignorados no Carnaval do bairro
Um dos maiores questionamentos entre os moradores e músicos do Nordeste de Amaralina é: por que os artistas da casa não são prioridade na programação do Carnaval do bairro?
A resposta para essa pergunta está na forma como o evento é gerenciado. Muitos artistas que não fazem parte de uma base política ou que não têm relações com a instituição ligada à organização do Carnaval simplesmente não conseguem espaço para se apresentar. O talento e a trajetória dentro da comunidade muitas vezes não são suficientes para garantir um lugar nos palcos do próprio bairro.
Segregação no palco: quem realmente faz o show?
O que se vê, ano após ano, é um cenário de exclusão. Bandas e artistas de fora são contratados para tocar duas, três vezes dentro do circuito Mestre Bimba. Recebem altos cachês pagos pelo estado, entregam seus relatórios de prestação de contas e seguem para outros carnavais, enquanto os músicos da comunidade seguem sem valorização.
Os artistas locais, quando conseguem se apresentar, muitas vezes é por participação e fazem isso sem receber um valor justo ou sem nenhuma estrutura adequada. Tocam sem cordas, sem patrocínio e, na maioria das vezes, apenas para cumprir uma prestação de contas do evento.

O impacto da desvalorização no cenário cultural do bairro
A exclusão dos músicos locais no Carnaval não é um problema isolado. Ela reflete um padrão mais amplo de falta de incentivo à cultura dentro da favela.
- Sem apoio no Carnaval, muitos artistas perdem a oportunidade de se consolidar e expandir seu público.
- O circuito oficializado recebe investimentos públicos, mas a comunidade não vê esse dinheiro chegar aos seus artistas.
- A renovação cultural do bairro é sufocada, pois os novos talentos não encontram espaço para se desenvolver.
Precisamos mudar essa realidade
O Carnaval do Nordeste de Amaralina precisa ser um reflexo da cultura do bairro. E isso só será possível se os artistas locais forem realmente valorizados.
Isso significa:
Criar um espaço fixo e garantido para os músicos da comunidade dentro da programação oficial.
Exigir transparência nas contratações e priorizar os artistas do bairro.
Incluir bandas e talentos locais nos eventos que antecedem e complementam o Carnaval.
Garantir que os investimentos públicos no circuito sejam revertidos para quem constrói a cena cultural local.
O Nordeste de Amaralina tem artistas incríveis, com talento e história para contar. Mas se nada mudar, continuaremos assistindo de camarote enquanto os holofotes se voltam apenas para quem vem de fora. Está na hora de dar voz a quem faz a música da favela.