O Que Fazer Nordeste de Amaralina

A Polêmica dos Cordeiros: Falta de Suporte e Condições Precárias no Circuito Mestre Bimba

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No Carnaval do Nordeste de Amaralina, enquanto os trios avançam arrastando multidões e a festa toma conta das ruas, há uma categoria essencial para a segurança dos blocos que segue invisibilizada e desvalorizada: os cordeiros. Esses trabalhadores, responsáveis por manter a organização dentro dos blocos e garantir que os foliões pagantes tenham acesso exclusivo, enfrentam uma série de dificuldades, que vão desde a falta de suporte básico até condições desumanas de trabalho.

Em uma conversa com uma profissional que acompanhou de perto a realidade dos cordeiros neste Carnaval, ela relatou a falta de itens básicos, como alimentação e água, além da desorganização na logística de trabalho.

“A gente ficava debaixo de sol, debaixo de chuva, dormia tarde, acordava cedo e, no fim, o valor pago era muito pouco. Nem um lanche, nem uma água. E isso aconteceu com todo mundo”, afirmou.

Pagamento Irregular e Falta de Estrutura

Os cordeiros costumam ser pagos por diária, sem um valor fixo garantido. Segundo relatos, os blocos definem valores diferentes de última hora, chamando trabalhadores de acordo com a necessidade do momento.

“Tem bloco que chega e diz: ‘Tô precisando de cordeiro, tô pagando R$ 50,00’. A pessoa faz o percurso todo e recebe na hora. Não há uma base fixa, cada um negocia na hora, dependendo da demanda.”

Já outros profissionais envolvidos na organização contam com um pagamento maior, mas ainda insuficiente, considerando as longas jornadas.

“O valor que eu recebo por todos os dias é de R$ 560,00, mas a gente já estava tentando um reajuste, porque não temos suporte algum. Não ganhamos água, não temos alimentação e ainda lidamos com desorganização”, desabafou.

Carga Horária Extensa e Atrasos

Outro ponto crítico é a falta de um horário fixo. Os trabalhadores precisam se adaptar aos trios, que sofrem constantes atrasos, impactando diretamente na rotina dos cordeiros.

“Tinha dia que a gente ia meio-dia, outro dia 10h da manhã, outro dia só 14h. Tudo dependia da saída dos trios. Mas os atrasos prejudicavam muito, deixando a gente sem previsão de horário de saída.”

E o pagamento? Mesmo diante das dificuldades, os profissionais ainda precisam aguardar um longo prazo para receber.

“O prazo estipulado para o pagamento é de um mês após o Carnaval. Só que o pagamento não começa no início do mês seguinte, mas no fim dele”, revelou.

Um Problema Recorrente e Sem Solução

A precarização do trabalho dos cordeiros não é novidade, mas continua sendo ignorada. Enquanto a organização segue lucrando e o Carnaval do bairro se expande, esses profissionais seguem sem condições dignas de trabalho e sem garantias básicas.

A pergunta que fica é: até quando?